1. |
Intro
00:04
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2. |
Dor Amiga
03:02
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Vem, minha dor amiga,
Que vez ou outra me visita inconveniente.
Vem, minha dor amiga,
Companheira, insegura e inconsequente.
Vem, minha dor amiga,
Se dependura em meu pescoço
E vamos beber.
Enquanto afia seu machado,
Divide em quatro pedaços meu coração.
Essa carne de magarefe que me valho,
Tempera ela a sal, pimenta e alho
E oferece cada parte que lhe cabe
Aos meus amores canibais.
Vou te tirar de mim
Como quem tira a sujeira do console do carro.
Vou te tirar de mim
Como quem tosse no final de uma inalação.
Vou te tirar de mim
Como quem sobe no telhado e tira a goteira.
Só assim tua chuva não poderá entrar.
Só se você tiver o poder de se infiltrar.
Você não sabe sambar
Nem quer aprender a sambar.
Você diz que gosta de samba,
Mas não pode aprender.
Você diz que quer samba,
Mas não pode, não se deixa
Aprender a sambar.
De vez em quando você ainda compra disco de samba.
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3. |
Furacão Tranquilo
04:07
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Uma par de tempo que eu não via ela...
Uma certa noite resolveu piar.
Chegou dizendo: “agora eu sou tua mulher,
Já pode parar de fazer canções de amor”.
Tomou de conta lá do meu barraco...
Do teto, do chão fez a sua cama.
Chegou dizendo: “agora eu sou tua mulher,
Me faça uma canção de amor”.
As coxas grossas de rainha d'água,
Dentro dela um furacão tranquilo.
Dona Involuntária, locomotiva quente,
Vem me guiar nesse novo trilho.
As coxas grossas de rainha d'água,
Dentro dela um furacão tranquilo.
Dona Involuntária, locomotiva quente,
Vem que eu te guio nesse novo trilho.
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4. |
E Aí, Dig Aí
01:04
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5. |
Tempo de Amor
03:31
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De farras tão lindas de se beber até a luz do luar.
Do despedir-se da secura,
Do despir de roupas que não se quer mais usar.
Agora é tempo de amor, de adormecer entorpecido
Na pele de cada um do outro.
Do roçar de pernas que gera o gozo dos anjos,
Dos transtornos, das fantasias, dos líquidos, dos sons.
Quero te ver ser,
Quero te dar
O que não deu tempo de ser.
Quero te ter,
Deixar de lado
O que não deu tempo de ser.
De outra maneira de ver-te,
De outra maneira de olhar-te.
De outro jeito de beijar-te as cicatrizes
Assim como nós dois, só nós dois, tão imprevisíveis.
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6. |
Cínica
05:21
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Esqueci de te escrever...
Esqueci de te dizer tudo que me aconteceu...
Se eu não te digo quem sou, você não tem paz
Se eu te digo que não, você volta atrás e faz
Eu me arrepender por você.
Todo dia é dia de te encontrar na minha poesia
Te digo abstrato o teu amor de gata fera afrodisíaca
Na maresia do teu cheiro enlouqueço
Bêbado na arte cênica, cínica,
Cínica, cínica é você.
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7. |
Olhos de Fogo
05:13
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Eh! Oh! Me queimou
Os olhos dela de fogo!
Eh! Oh! Me queimou
Os olhos dela!
Essa mulher quando me olha
Eu entro em combustão
Ela fala, eu escuto, presto atenção.
Vejo ela andar, pra lá e pra cá
De saia e blusinha, eu não paro de olhar.
A pele dela é franca, os lábios muitos mais.
Os braços que me prendem
Igual correntes de alcatraz
E quando chega a hora de ir se deitar,
Atendo a voz dela dizendo: ‘buga’ pra cama!
Toda beleza dela resumida num gesto,
Continuo rimando pra contar o resto.
Um dia de manhã, nua, vestida em pele
A cena dela no cenário, a minha cena impele.
Ela vai na frente, eu vou seguindo atrás.
Com os olhos de faca eu cortei os desejos dela
E cada pedaço cortado dos meus eram dela.
Beijo seu pescoço, ali do lado, em pé,
Gentil como o sol, vem ela e me faz café.
Pés de unhas vermelhas misturadas às flores,
As pernas fortes quando andam provocando cores.
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8. |
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Quem é ele? É o perfeito idiota brasileiro
Ele é o perfeito idiota!
Quem é que estaciona na frente da rampa de acesso?
Que joga lata de coca pela janela do carro?
Que fecha as portas, os olhos, os vidros do carro?
Não paga o que deve, nunca paga o que deve?
Quem é ele? É o perfeito idiota brasileiro
Ele é o perfeito idiota!
Quem é que gasta o dinheiro que não lhe pertence?
Que paga propina quietinho, calado?
Que acha que não é dele a pobreza que está do seu lado?
Que troca seu voto por um quilo de carne de porco?
Quem é ele? É o perfeito idiota brasileiro
Ele é o perfeito idiota!
Quem é que fura a fila na cara de pau?
Para em fila dupla, invade a preferencial?
Quem é que come e deixa o prato no mesmo lugar?
Que empurra com a barriga, que se faz de morto?
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9. |
4I20
04:20
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Não enrola, bola agora,
Não demora, taca fogo, ‘borimbóra’.
Pra mim quatro e vinte é toda hora!
Eu taco fogo, se tem quem acoche
Eu vou seguindo no style Peter Tosh.
Euforia, pensamento profundo
Saltando em mosh, se apresenta o seu mundo.
(Uma fumacinha pra fazer a de todo mundo)
Egoísta, só quer aclamar o seus.
Enquanto isso, despreza e discrimina os meus.
Eu vejo tudo, não tem mais jeito
Não se mostra mais oculto o teu preconceito.
Fardados do teu lado né?!
Hostilizam a gente,
Mas, nas ‘intoca’, eu planto,
Aguo e cresço a semente.
A fera ruge né?!
O presente é agora!
Pra mim quatro e vinte é toda hora.
Beleza que me encanta,
Sozinha ela apronta
E o tempo me afronta
E o dedo me aponta,
Mas também acende a ponta
E o verde é da planta.
Se você se espanta
Não é da sua conta.
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10. |
Samba Vadio
06:30
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Se você não me quer, eu não te quero.
Se você não me abraça, eu não te abraço.
Se você não me beija, eu não te beijo.
Se você não me escuta, eu não te falo.
E não me importa o quanto eu te ame,
Vou poupar meus artifícios pra te seduzir.
Mesmo que você passe na minha frente
Cheia de graça, eu não vou olhar.
Vou sair na rua, vou ficar de fogo,
Procurar um corpo pra me acalentar.
No dia seguinte, se eu sentir tua falta,
Não se preocupe, eu não vou chorar
Porque eu sou mais vadio que você
Se você não desfaz, eu não desfaço.
Se você não desfaz, eu não desfaço.
Cê para de fumar e eu mais um maço.
Cê arma a armadilha e eu desfaço o laço.
E não importa o quanto doa
Uma parte da minha vida viver sem você.
O bonde passa, o trem descarrila,
Agora eu vou a pé pra próxima estação.
Não tem se arrepender, não tem revival
Não tem "vem cá de novo".
Já faz muito tempo que eu não vou na roda.
Ela quando me vê, eu sei, irão gostar
Eu sei que irão gostar.
Não se preocupe se eu estiver chorando,
Se eu me entristecer, vou pra roda sambar
Porque eu sou mais vadio que você.
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11. |
De Volta Ao Pó
03:56
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Sabe essa estória de que o homem veio do pó?
Pois mais cedo do que o esperado ao pó eu retornei.
Sabe esse fogo-fátuo cá do coração?
Fogo-fátuo que incinera, acaba em explosão.
Sabe a oferta da canção que não se quer ouvir?
Fogo de uma ilusão, que não deve prosseguir.
Eu afinei minha guitarra pra poder tocar um punk rock pra você,
Mas você não me ouviu e o que foi pior, você me desprezou.
E o meu coração perdeu o punch, então.
E o que foi pior, eu retornei pro pó.
Eu afinei minha guitarra pra poder tocar um punk rock pra você,
Mas você não me ouviu e o que foi pior, você me desprezou.
E o meu coração perdeu a ilusão
Lai a, lai a, lai a
Lai a, lai a, lai a
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12. |
O Dia Todo
05:29
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Escuto o som do furacão tranquilo
Que gira furioso e barulhento.
Cá dentro de mim a desarmonia minha,
Que não é do samba, mas,
Eu transformo ela em samba mesmo assim.
Dia que vem, dia que vai, dia que cai, dia que tem,
Dia que não tem, um dia sim, um dia desse
Outro assado, o dia todo ruim pra caralho.
Um dia mole, um dia quente, um dia morno
O dia todo ruim pra cachorro.
Um dia fácil, um dia leve, um dia longe...
São nesses dias que eu quero ter você pra mim
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13. |
Preta Vambora
03:22
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Vem, Preta, ‘vambora’, que já tá na hora.
O dia tá raiando, o sol não demora.
‘Vamo’ pra casa, vamo pra cama.
A gente troca uns ‘beijo’ e mente que se ama.
Assim mesmo devagar, só de bobeira...
De tanto repetir a mentira fica verdadeira.
O que eu quero mesmo é ficar do teu lado...
Ali colado, fumando um baseado.
Os dois enrolando os pés embaixo do lençol,
Nem fodendo se lá fora já faz chuva ou sol
Ou se é dia de futebol.
No meu acervo de memória
As tuas coxas quentes não são irreais, concretas, carnais.
Vou te tirar uns ais,
Então encosta mais e mais.
Pra mais perto de mim
Porque, benzinho, a gente agora vai se divertir.
Fodástico! É assim o nosso tempo...
Sopra palavras no ar, aonde não sopra o vento.
E o intento desse gozo múltiplo no tempo,
Me faz inspirar o espaço pra vir o nosso rebento.
Aqui o vento só sopra, ele não leva nada.
Me faz lembrar o beijo ali ao pé da escada
Ao pé da cama, embaixo dos lençóis.
Calor de corpo, temperatura de mil sóis.
Aqui o sol é forte, forte e queima tudo...
A cachoeira entre tuas coxas, gata, que absurdo!
Levantar agora?! Nem vem que não tem
Vem, vem volta pra cama, ‘vamo’ fazer neném...
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14. |
Malandragem É Fome
02:27
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O meu sangue tem palha de coco,
Tem palha de arroz, sandália de couro,
Faca de valente, cabelo sem pente.
Revolução transmitida nas telas dos celulares
Com máscaras de gás, de garrafa pet,
High tech, black block , os trem...no meu sangue tem.
No meu sangue tem urro de boi morrendo,
Secura do solo embaixo do sol que arde,
Quentura de fim de tarde.
Da gente misturada ecoa os risos
Dos alegres, dos dormentes, dos covardes e indecisos.
Dos que sentem e também dos que não sentem dor.
Tem mandacaru da mais periculosa ‘flô’.
Sangue com areia dos Tremembé,
Quando deles derramaram o sangue pelo chão.
Tem fila no quilo e um pouco mais daquilo.
Tem a fartura de um tudo e também já tou farto,
Dispensando o kick do teco no prato.
Tem raiva, cartão de banco, desilusão, tem riso frouxo e amor
Que eu dou só pros oin pequeno da minha menina.
E de fato
Desprezando a eugenia citada nas cartas do Monteiro Lobato,
Meu sangue tem no mínimo três fios da etnia do cangaço.
O suor e o facão são os mesmos
E ao invés de sandália,
Tou pisando com meu cano longo de couro
E o cano longo de aço.
Disparando cada balaço
Cabeça do chefe, desdobro no disco rígido do HD.
Corte de facão que dá arrelia.
O chef cozinha a vingança com calda fria em banho maria
Do conhecimento, do descarte e da poesia.
Azia dos que querem meu sangue,
Não terão o meu sangue
Quer no começo, quer no fim.
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15. |
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Esqueci de te escrever...
Esqueci de te dizer tudo que me aconteceu...
Se eu não te digo quem sou, você não tem paz
Se eu te digo que não, você volta atrás e faz
Eu me arrepender por você.
Todo dia é dia de te encontrar na minha poesia
Te digo abstrato o teu amor de gata fera afrodisíaca
Na maresia do teu cheiro enlouqueço
Bêbado na arte cênica, cínica,
Cínica, cínica é você.
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Geração TrisTherezina PI, Brazil
Selo/Coletivo de Artistas Visuais, Escritores e Músicos do Piauí.
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